Capítulo 13: A Ijuí de hoje: desafios

13.3. Ijuí como "Capital Mundial das Etnias": reconhecimento e significado

A trajetória histórica de Ijuí, desde a sua concepção planejada como porta de entrada para a colonização até o florescimento de uma comunidade multiétnica, culminou em um reconhecimento de projeção global: o título de "Capital Mundial das Etnias", em 2022. Este título não é apenas uma honraria; ele encapsula a essência da cidade, a celebração de sua diversidade e o resultado de um processo de convivência e integração cultural que se desenvolveu por mais de um século.

O caminho para esse reconhecimento internacional foi pavimentado por etapas anteriores que já sinalizavam a vocação multiétnica de Ijuí. Em 2009, a cidade recebeu o título de "Terra das Culturas Diversificadas", um reconhecimento que celebrava a riqueza cultural advinda de suas múltiplas origens. Essa designação já apontava para o valor intrínseco da pluralidade em sua identidade.

Posteriormente, em 2021, o Congresso Nacional elevou Ijuí à condição de "Capital Nacional das Etnias". Esse reconhecimento em âmbito federal solidificou a importância da cidade no cenário brasileiro como um modelo de tolerância, integração e preservação das tradições dos diversos grupos que a formaram. A honraria nacional reafirmou Ijuí como um polo de irradiação de valores de diversidade e respeito.

O título de "Capital Mundial das Etnias" pela IOV Brasil representa o ápice desse processo de reconhecimento. Ele atesta a singularidade de Ijuí como um local onde a convivência entre mais de 50 etnias não é apenas uma realidade, mas um motor de desenvolvimento social e cultural. O significado desse título é profundo:

A "Capital Mundial das Etnias" é, portanto, a consagração da identidade de Ijuí, um testemunho vivo de que o planejamento, o trabalho e a acolhida de diferentes povos podem forjar uma sociedade rica, vibrante e exemplar para o mundo.

13.4. Os desafios da manutenção do legado e o crescimento futuro

A Ijuí contemporânea, com seu passado glorioso e seu título de "Capital Mundial das Etnias", enfrenta desafios complexos que exigem uma reflexão constante e um planejamento cuidadoso para as próximas décadas. A manutenção de seu rico legado histórico e cultural, ao mesmo tempo em que se busca o crescimento e a modernização, é uma tarefa delicada e complexa.

Um dos desafios primordiais reside na preservação do patrimônio arquitetônico e cultural da cidade. As marcas do planejamento positivista, as construções históricas da época da colonização e os símbolos das diversas etnias precisam ser protegidos e valorizados para que a memória da cidade não se perca no ritmo acelerado do desenvolvimento urbano. Equilibrar a necessidade de novas construções e infraestruturas com a conservação do que foi erguido pelas gerações passadas é um dilema constante.

A questão da sustentabilidade ambiental é outra preocupação premente. A história da colonização de Ijuí, como a de muitas regiões do sul do Brasil, foi marcada pela intensa derrubada das matas para a agricultura. Hoje, 3% da vegetação nativa permanece, uma consequência direta desse processo. O solo avermelhado, característico do planalto basáltico, embora fértil, exige práticas agrícolas sustentáveis para evitar a erosão e a degradação. O desafio futuro é conciliar a vocação agrícola e industrial com a recuperação e preservação do meio ambiente, buscando um desenvolvimento que seja ecologicamente equilibrado.

A gestão do crescimento urbano permanece uma pauta importante. O fenômeno do êxodo rural, que já causou um "crescimento desordenado" em décadas passadas, continua a exigir um novo equilíbrio. Ijuí precisa de um planejamento urbano que evite a urbanização predatória, garantindo moradia digna, infraestrutura adequada e espaços públicos de qualidade para uma população que continua a se expandir. Isso inclui investimentos em mobilidade urbana, saneamento básico e acesso a serviços em todas as áreas da cidade.

Além disso, o título de "Capital Mundial das Etnias" traz consigo a responsabilidade de manter viva a pluralidade cultural e de continuar a promover a tolerância e o diálogo entre os diferentes grupos. Em um mundo globalizado, onde as identidades podem se diluir ou entrar em conflito, Ijuí deve se esforçar para que as novas gerações conheçam e valorizem suas raízes, mantendo a chama da diversidade acesa. Isso implica em políticas culturais ativas, apoio às manifestações étnicas, e educação que celebre a riqueza de sua composição social.

Finalmente, Ijuí enfrenta os desafios comuns a muitos municípios médios: a atração de investimentos, a geração de empregos que garantam a permanência de seus jovens talentos, a inovação tecnológica em sua agricultura e indústria, e a melhoria contínua da qualidade de vida de seus habitantes. A cidade tem a oportunidade de se projetar como um polo de desenvolvimento sustentável, que valoriza suas raízes e olha para o futuro com a mesma visão estratégica de seus fundadores.

A Ijuí do século XXI é, portanto, uma cidade que carrega as marcas de seu passado grandioso, mas que se projeta para o futuro com a consciência de que a "história de planejamento e adaptação contínua" deve prosseguir. Manter sua essência, abraçar o progresso e garantir a sustentabilidade são os grandes desafios que a Ijuí contemporânea está destinada a superar.