Capítulo 12: Patrimônio Cultural e personalidades Ijuiense
A identidade de uma cidade é construída não apenas por seus marcos físicos e econômicos, mas, sobretudo, por sua cultura e pelas figuras que, com suas vidas e obras, deixam um legado duradouro. Ijuí, com sua história de planejamento, imigração e resiliência, acumulou ao longo do tempo um rico patrimônio cultural e uma galeria de personalidades notáveis. Este capítulo é uma celebração dessa herança, explorando a origem do nome que a batiza, os espaços que simbolizam sua vida comunitária, e as mentes brilhantes que, em diferentes campos, contribuíram para torná-la a "Capital Mundial das Etnias".
12.1. O Nome "Ijuhy": origem indígena e evolução dos títulos
O nome de uma cidade é sua primeira identidade, um eco de suas origens e de sua alma. Para Ijuí, essa identidade é profundamente enraizada na cultura dos povos originários. Os primeiros habitantes da região, os indígenas guaranis, atribuíram ao rio que por aqui corria o nome "ijuhy", que em sua língua significa "rio das águas divinas". Essa designação, carregada de significado espiritual e de respeito pela natureza, foi o ponto de partida para a nomeação da colônia.
Em reconhecimento à beleza e à importância desse curso d'água, a colônia fundada em 19 de outubro de 1890 adotou o mesmo nome, preservando a grafia original ("Ijuhy") até meados do século XX, quando a ortografia brasileira foi padronizada para "Ijuí". A escolha de manter um nome de origem indígena, em um período de forte influência europeia, já prenunciava a vocação multicultural da cidade.
Ao longo de sua história, Ijuí recebeu diversos títulos que refletem a evolução de sua identidade cultural e o reconhecimento de sua singularidade:
Em 1944, um concurso promovido pelo Jornal Correio Serrano elegeu "Colméia do Trabalho" como seu codinome. Esse apelido capturava a essência da cidade: um lugar de intensa atividade, de esforço conjunto e de produtividade, impulsionado pela dedicação de seus diversos grupos étnicos.
Posteriormente, em 2009, a cidade foi reconhecida como "Terra das Culturas Diversificadas", evidenciando sua rica e plural diversidade étnica. Esse título ressaltava a convivência harmoniosa e a celebração das múltiplas heranças culturais que compõem a sociedade ijuiense.
Em 2021, o Congresso Nacional elevou Ijuí à condição de "Capital Nacional das Etnias", consolidando seu papel como centro da diversidade étnica no país. Esse reconhecimento em nível federal foi um marco, reafirmando a importância da cidade como um modelo de pluralismo cultural para o Brasil.
O ápice desse reconhecimento ocorreu em 2022, quando a IOV Brasil - conferiu à cidade o título de "Capital Mundial das Etnias". Essa honraria de projeção global é um testemunho dos esforços de Ijuí em promover e valorizar a pluralidade cultural, transformando sua "Babel do Novo Mundo" em um farol de convivência e respeito às diferenças para o cenário internacional.
Esses títulos, ao longo do tempo, não são apenas honrarias, mas reflexos da capacidade de Ijuí de transformar sua diversidade em um valor intrínseco, que a define e a projeta no cenário nacional e mundial.
12.2. A Praça da República: coração da cidade e suas remodelações
Todo centro urbano tem um coração, um espaço público que pulsa a vida da comunidade e testemunha sua história. Em Ijuí, esse lugar é a Praça da República. Desde a instalação oficial da Colônia de Ijuí, uma área central foi reservada para a implementação de uma praça pública, simbolizando a importância do planejamento e da vida comunitária. No entanto, sua concretização e embelezamento foram um processo gradual, marcado por sucessivas remodelações.
A praça começou a tomar forma em 1912, ano da emancipação de Ijuí. O major Francisco Berenhäuser, então presidente do Conselho Municipal (futura Câmara de Vereadores), supervisionou os trabalhos de embelezamento do local. Utilizando a mão de obra de alguns colonos e, curiosamente, dos que cumpriam pena na cadeia, ele mandou lavrar a terra, arrancar os tocos das árvores, abrir caminhos, plantar muitas mudas de plátanos e alguns cinamomos, e implantar um projeto de ajardinamento. A área foi protegida com uma cerca, a fim de impedir que os animais causassem danos. Em 1913, a área já ganhava o visual de uma praça, um espaço para o convívio e a celebração cívica.
Praça da República em Ijuí
A partir de 1938, sob a administração do prefeito Emílio Martins Bührer, esse principal logradouro público passou por uma completa remodelação. As obras se estenderam por pouco mais de dois anos. Foram feitos os calçamentos dos passeios laterais e centrais, os jardins foram enriquecidos com flores e arbustos, e houve a instalação de 40 focos de iluminação, conectados por subterrâneos, uma área para atos cívicos no centro e a colocação de bancos em diversos pontos. As fotos da época ressaltam a beleza e a modernidade da nova praça.
A terceira e importante remodelação pela qual passou a Praça da República começou a acontecer em fins do ano de 1967, na administração do prefeito Solon Gonçalves da Silva. O projeto foi elaborado pelo arquiteto ijuiense Clóvis Igenfritz da Silva, juntamente com a arquiteta Inês D'Avila, ficando a execução a cargo do engenheiro Fernando Craidy, também ijuiense. O projeto de reforma constava, entre outras obras, da construção de um anfiteatro, de um centro cívico, uma nova praça infantil, novos passeios, novas luminárias, e escadarias internas e banheiros, visando ampliar a funcionalidade e o apelo recreativo e cultural do espaço.
Finalmente, na administração do prefeito Valdir Heck, em seu segundo mandato, foi feita a quarta e importante reforma da Praça da República. O projeto foi do arquiteto e urbanista Celso Luis Lucchese. O trabalho incluiu a substituição de 90% do piso, com a colocação de mosaicos intertravados de concreto (piso ecológico), a substituição dos cordões antigos, a construção de rampas para acessibilidade, a recuperação das escadarias, a substituição de todos os postes de iluminação por novos modelos dotados de novas luminárias, cuidados especiais no ajardinamento e a construção de uma cascata na área central. Essas obras foram concluídas em fins do ano de 2008.
As sucessivas transformações da Praça da República são mais do que meras reformas; elas são a expressão das aspirações da comunidade ijuiense em diferentes épocas, o desejo de manter um espaço central que refletisse o progresso e o bem-estar da cidade, um verdadeiro coração que continua a pulsar e a contar a história de Ijuí.
12.3. Artistas da Fotografia: Família Beck e Eduardo Jaunsem
Muito do que se conhece hoje sobre a história de Ijuí, seus primeiros habitantes, sua paisagem urbana e rural, e a vida cotidiana de seus pioneiros, deve-se a um legado inestimável: o dos registros fotográficos. Esses documentos visuais, verdadeiras janelas para o passado, foram pacientemente capturados e preservados por dedicados artistas da fotografia, cujos trabalhos hoje fazem parte do acervo do Museu Antropológico Diretor Pestana.
Essa história visual começou a ser registrada com a chegada de Carlos Germano Beck em 1893. Ele não era um fotógrafo comum; viajante e inovador, costumava percorrer a região por meses a cavalo, carregando seu pesado equipamento fotográfico, que havia adquirido na Bélgica. Além de capturar imagens estáticas, Beck também era um pioneiro na projeção de filmes, trazendo uma forma de entretenimento e registro visual inédita para a colônia. O talento e a paixão pela fotografia de Carlos Germano Beck foram transmitidos à sua prole. Ele ensinou o ofício aos seus seis filhos homens: Jorge Alberto, Reinaldo Otto, Carlos Henrique, Willy Frederico, Alfredo Adolfo (que permaneceu por mais tempo na profissão) e Walter Hugo. Essa dinastia de fotógrafos da Família Beck documentou sistematicamente a evolução de Ijuí, suas famílias, seus eventos e suas transformações ao longo das décadas.
Outro nome de grande relevância nesse campo é o de Eduardo Jaunsem. Sua contribuição foi particularmente importante para a preservação da história do meio rural de Ijuí. Jaunsem veio se fixar na Linha 11 Leste no ano de 1914, e sua produção fotográfica se destaca por retratar festas familiares e populares, além de belas paisagens do meio rural ijuiense. Se a Família Beck focou mais na vida urbana e nas personalidades, Jaunsem capturou a essência da vida no campo, as lavouras, as colheitas, os costumes e as alegrias das comunidades coloniais.
O trabalho desses artistas da fotografia é mais do que mera documentação; é um testemunho da vida, das lutas e das conquistas dos primeiros ijuiense. Suas imagens congelaram no tempo momentos preciosos, permitindo que as gerações futuras pudessem visualizar e compreender a história de sua cidade de uma forma vívida e emocionalmente impactante. O acervo fotográfico, hoje um tesouro do Museu Antropológico Diretor Pestana, é uma fonte inestimável para pesquisadores e para a memória coletiva de Ijuí, garantindo que o passado não seja esquecido.
12.4. O Museu Antropológico Diretor Pestana: Legado de Martin Fischer e Mário Osório Marques
O Museu Antropológico Diretor Pestana é a instituição guardiã da memória e do patrimônio cultural de Ijuí, um repositório que preserva as múltiplas facetas de sua história e de suas etnias. Sua criação e desenvolvimento estão profundamente ligados à visão e dedicação de figuras emblemáticas, em especial Martin Fischer e Mário Osório Marques.
Muito do que se conhece da história de Ijuí se deve, indiscutivelmente, a Martin Fischer, um imigrante alemão de nome Martin Fischer, que veio se radicar a partir de janeiro de 1951, e onde plantou raízes até o fim de seus dias. Nascido em 10 de fevereiro de 1887, na cidade de Koenigsberg, na Prússia Oriental, Fischer era um intelectual e pesquisador. Após a guerra, em 1921, emigrou para o Brasil, dedicando-se ao jornalismo. Por vários anos foi redator do "Die Semi-Post", suplemento em língua alemã do "Correio Serrano", e apresentador do programa "A Hora Alemã", pelas emissoras locais. Através de suas incansáveis pesquisas, deixou um "apreciável legado de trabalhos escritos, documentos e outros materiais que enriqueceram o município".
A paixão de Fischer pela história e pelas culturas locais foi a força motriz para a criação do museu. Ele destinou sua vasta coleção de objetos indígenas, jornais e outras publicações, que serviram de "marco inicial" ao Museu Antropológico Diretor Pestana, inaugurado em 25 de maio de 1961. Fischer não foi apenas um doador de acervo; ele foi um dos idealizadores do museu e seu primeiro diretor, dedicando-se a organizar e expandir o conhecimento sobre as origens e a diversidade de Ijuí. O jornalista, escritor e historiador Dr. Martin Fischer faleceu em 16 de setembro de 1979, alcançando a idade de 92 anos, deixando um legado inestimável para a cultura ijuiense.
A visão de Martin Fischer foi complementada e expandida pela ação de Mário Osório Marques. Considerado o "artífice maior" da construção da UNIJUÍ e um dos mais importantes intelectuais de Ijuí, Mário Osório Marques também foi um dos idealizadores e mentores do Museu Antropológico Diretor Pestana, ao lado de Fischer. Sua atuação como "fazedor" e "líder comunitário" o levou a colaborar ativamente na consolidação do museu como um espaço vivo de pesquisa, preservação e difusão do conhecimento sobre a história e a antropologia da região.
O Museu Antropológico Diretor Pestana, portanto, não é apenas um prédio com coleções; é o resultado da paixão de homens como Martin Fischer e Mário Osório Marques, que compreenderam a importância de preservar e contar a história de Ijuí, com sua complexidade, sua riqueza cultural e sua vocação multiétnica. O museu, ao abrigar os acervos da Família Beck e de Ulrich Low (do jornal Correio Serrano), entre outros, continua a ser um farol para pesquisadores e para todos que desejam mergulhar nas raízes dessa cidade singular.
12.5. Outras Personalidades Notáveis:
Além dos gestores públicos e dos fundadores de instituições, a história de Ijuí é rica em figuras que, com seu talento, dedicação e visão, contribuíram significativamente para o desenvolvimento da cidade em diversas áreas. Estas são algumas dessas personalidades, cujas trajetórias enriquecem o panorama cultural e social de Ijuí.
12.5.1. Guilherme Clemente Köhler: Pioneiro do Ensino Secundário
O ano de 1937 marcou a chegada a Ijuí de um professor, ainda jovem, de nome Guilherme Clemente Köhler. Dotado de espírito idealista, ele veio implantar um projeto educacional que viria se tornar um marco na história do ensino secundário no município. Köhler foi um visionário que percebeu a necessidade de uma formação educacional mais abrangente e estruturada para os jovens de Ijuí, que até então tinham poucas opções além do ensino primário.
No dia 15 de março de 1938, com apenas sete alunos, ele iniciou as atividades do seu Instituto Comercial Ijuí, em um prédio que se localizava na Rua José Bonifácio, onde atualmente se encontra a loja Willy Rieger & Cia. Ltda. Esse início modesto não prefigurava o sucesso que a instituição alcançaria. Antes de encerrar o primeiro ano letivo, a escola já contava com quase uma centena de alunos, o que demonstrava a grande demanda e o acerto de sua iniciativa.
O crescimento do Instituto Comercial Ijuí impulsionou a necessidade de um espaço maior e mais adequado. Por isso, a escola mudou-se para um prédio próprio, construído na Rua Dr. Pestana, que foi inaugurado em 18 de março de 1941. Köhler foi além da formação comercial, implantando um curso propedêutico, que mais tarde seria transformado em Técnico de Contabilidade. Essa expansão resultou na instituição ganhando as denominações de Ginásio Duque de Caxias e Escola Técnica de Comércio Ijuí, consolidando-se como um centro de excelência no ensino secundário e profissionalizante.
Guilherme Clemente Köhler faleceu no dia 14 de novembro de 1970, mas seu legado perdura. Ele não apenas fundou instituições de ensino, mas formou gerações de profissionais e cidadãos, pavimentando o caminho para o desenvolvimento educacional de Ijuí e para a ascensão do ensino superior na cidade. Sua visão pioneira e sua dedicação ao ensino o tornaram uma figura inesquecível na história da educação ijuiense.
12.5.2. Educadoras Pioneiras: Maria Amorim, Dinorah Klever, Jenny Cony
A história da educação em Ijuí foi moldada não apenas por homens visionários, mas também por mulheres dedicadas e corajosas que, em tempos desafiadores, assumiram o compromisso de educar as novas gerações. Entre as primeiras professoras com atuação notável no meio ijuiense, destacam-se três que deixaram um legado significativo:
Maria Amorim: Ainda muito jovem, possuindo apenas conhecimentos adquiridos em cursos primários, Maria Amorim foi contratada para lecionar na então Escola Alemã (hoje o Colégio Evangélico Augusto Pestana). Sua atuação, de 1912 até 1918, era focada nas disciplinas de Língua Portuguesa, História e Geografia do Brasil. Essa função era crucial em um ambiente de colonização, onde a integração dos filhos de imigrantes à cultura brasileira passava necessariamente pelo domínio do português e pelo conhecimento da história do novo país. Após sua experiência na Escola Alemã, Maria Amorim foi contratada pelo Estado para servir no Grupo Escolar, a atual Escola Estadual de Ensino Fundamental Auta de Souza, continuando sua jornada no magistério público.
Dinorah Klever: A década de 1920 viu a atuação destacada da professora Dinorah Klever. Ela dirigiu e lecionou na Sociedade Escolar, uma instituição que existia na Linha 2 Leste. Sua dedicação ao ensino em áreas mais afastadas do centro urbano foi fundamental para garantir que a educação chegasse às comunidades rurais, muitas vezes isoladas e com poucos recursos.
Jenny Cony: Outra figura importante foi a professora Jenny Cony. Ela lecionou no então Colégio Elementar de Ijuí (atual Escola Estadual de Ensino Fundamental Rui Barbosa), e exerceu o cargo de diretora da instituição no ano de 1923. Sua liderança em uma escola central demonstrou a capacidade feminina de ocupar posições de gestão em um período onde tais cargos eram predominantemente masculinos.
Essas educadoras pioneiras, com sua paixão pelo ensino e sua resiliência diante das limitações da época, foram fundamentais para a formação intelectual e moral de gerações de ijuiense. Suas contribuições silenciosas, mas poderosas, pavimentaram o caminho para o desenvolvimento do sistema educacional de Ijuí e para a valorização da figura do professor na comunidade.
12.5.3. Alberto Hoffmann: Expressão nacional na política
Alberto Hoffmann deve ser colocado, com todos os méritos, no rol dos mais ilustres filhos de Ijuí. Ele galgou projeção nacional como nenhum outro ijuiense até hoje alcançou, tornando-se uma figura de destaque no cenário político brasileiro. Nascido em Ijuí no dia 30 de novembro de 1920, sua trajetória política teve início ainda jovem, com 26 anos de idade, em 1947, concorrendo ao cargo de prefeito municipal pela legenda do PRP, ficando em segundo lugar.
A carreira política de Hoffmann foi marcada por uma ascensão contínua. Em 1950, foi eleito, pela primeira vez, deputado estadual, servindo por três mandatos na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul (1951-54, 1955-58 e 1963-66).
No entanto, foi no cenário federal que Alberto Hoffmann brilhou com maior intensidade. Ele foi deputado federal durante 20 anos, exercendo cinco mandatos consecutivos nos períodos de 1959-62, 1967-70, 1971-74, 1975-78 e 1979-82. Durante esse tempo, ele se destacou no Congresso Nacional, defendendo os interesses do Rio Grande do Sul e participando ativamente dos debates políticos do país.
Sua capacidade e influência o levaram a ocupar cargos de grande relevância:
Nos anos de 1957-58, como presidente da Assembleia Legislativa, Alberto Hoffmann exerceu várias vezes o cargo de governador interino do Estado, um feito notável para um político vindo do interior.
Assumiu secretarias estaduais de peso: Agricultura (1959-61), Economia cumulada com a Fazenda (1964-65) e de Obras Públicas (1980-82).
Em 18 de maio de 1983, assumiu como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), culminando em sua elevação ao cargo de presidente do TCU de 1988 a 1990.
Aposentou-se do TCU em 12 de março de 1990, mas sua vida pública ainda não havia terminado. Foi ainda senador da República de abril a dezembro de 1990.
Sua trajetória é um exemplo inspirador de como a dedicação à vida pública e a capacidade política podem levar um indivíduo a alcançar os mais altos patamares de representatividade, projetando o nome de sua cidade natal em todo o Brasil.
12.5.4. Henrich Kopf: o primeiro comerciante
Pouco tempo depois da instalação oficial da Colônia de Ijuí em 19 de outubro de 1890, um imigrante alemão de nome Henrich (Henrique) Kopf aqui chegou, ainda naquele ano. Sua chegada marcou um novo capítulo na vida econômica da recém-formada colônia, pois Kopf se estabeleceria como o primeiro comerciante de Ijuí.
Sua primeira iniciativa foi instalar uma pequena casa comercial às margens de uma picada, na localidade que viria a se chamar Alto da União. Esse estabelecimento rudimentar era vital para os primeiros colonos, que dependiam de um ponto para adquirir bens de primeira necessidade, ferramentas e outros produtos que não podiam produzir por si mesmos. A localização estratégica, próximo aos caminhos que levavam ao interior da colônia, permitia que Kopf atendesse às necessidades dos recém-chegados e dos colonos já estabelecidos nas cercanias.
Com o sucesso de seus empreendimentos iniciais e o crescimento da colônia, em 1893, Henrich Kopf vendeu aquele estabelecimento no Alto da União e veio radicar-se definitivamente no centro da colônia, onde abriu uma forte casa comercial na esquina das ruas do Comércio e 7 de Setembro. Essa localização privilegiada no coração comercial de Ijuí solidificou sua posição como um dos principais comerciantes da cidade. Sua casa de moradia, localizada ao lado do estabelecimento comercial, ainda existe até hoje. Curiosamente, a parte baixa da casa, que servia na época como depósito de mercadorias, atualmente abriga um escritório onde, por muitos anos, atuou seu neto Wandoldo Vieira Kopf, mantendo a tradição familiar no mesmo local histórico.
Henrich Kopf não foi apenas um comerciante; ele foi um agente de desenvolvimento, facilitando o acesso a bens e insumos, contribuindo para a circulação econômica e o progresso da colônia. Sua história ilustra a importância dos empreendedores pioneiros na construção e no abastecimento das novas comunidades, e seu legado é um testemunho da vitalidade comercial que caracterizou Ijuí desde seus primórdios.